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Do México aos Estados Unidos, um modelo global ganha versão brasileira, timeshare cresce sem depender da economia e muda a hotelaria do país
Na manhã desta terça-feira em São Paulo, executivos do turismo e da hotelaria se reuniram para discutir um tema que, até pouco tempo atrás, soava restrito a mercados mais maduros como o norte-americano,  o timeshare. O encontro, promovido pela RCI América do Sul em parceria com a consultoria Noctua, revelou dados que ajudam a entender por que esse modelo de hospedagem compartilhada deixou de ser uma curiosidade no Brasil para se tornar um negócio bilionário.

Executivos durante a apresentação do estudo sobre timeshare em São Paulo, Marcos Ravagnani (gerente de Negócios da RCI), Fabiana Leite (diretora de Desenvolvimento de Negócios da RCI América do Sul), Pedro Cypriano (CEO e fundador da Noctua) e Giovanna Cagni (consultora da Noctua). Foto: Divulgação Guia do Turismo Brasil

O levantamento apresentado mostra que as operações nacionais já superam a marca de R$ 1 bilhão em vendas anuais, são 79 empreendimentos ativos, equivalentes a quase um terço de todos os resorts do país, ao todo, 143 mil clientes mantêm contratos em vigor, com tíquete médio de R$ 44 mil, é um retrato de um mercado que amadurece rápido e que desafia a lógica da economia brasileira, enquanto o PIB patina na casa de 1% ao ano, o timeshare cresce a dois dígitos.
Esse desempenho não é fruto do acaso, ele reflete uma combinação de fatores, a expansão do turismo doméstico, cada vez mais valorizado desde a pandemia; a pressão das redes hoteleiras por taxas de ocupação mais previsíveis; e um consumidor que já não coloca a posse definitiva no centro das escolhas, mas sim a experiência e a flexibilidade. “O setor mostra que pode crescer independentemente do PIB, apoiado em fundamentos próprios”, resumiu Pedro Cypriano, CEO da Noctua. O contraste internacional dá a dimensão do potencial, nos Estados Unidos, onde o modelo é praticado há meio século, 80% dos resorts operam com timeshare e as vendas anuais chegam a US$ 10,5 bilhões. O Brasil ainda está distante desse patamar, mas já ocupa posição de destaque na América Latina, atrás apenas do México. Para Cypriano, o espaço para avançar é evidente, `temos condições de dobrar o índice de adesão nos próximos anos.”

Pedro Cypriano, CEO da Noctua. Foto: Divulgação Guia do Turismo Brasil

Um dos sinais de maturidade é o comportamento do próprio consumidor, hoje, uma em cada cinco vendas no Brasil é de recompra ou seja, clientes que voltaram para adquirir uma segunda fração, em um mercado ainda em construção, esse dado é visto como um voto de confiança, a taxa de cancelamento, por sua vez, é considerada baixa, já que o cliente costuma experimentar o resort antes da aquisição, reduzindo dúvidas e inseguranças. A experiência, aliás, está no centro da estratégia, quase 40% das operações oferecem diferenciais exclusivos, como upgrades e áreas de check-in separadas, reforçando a ideia de exclusividade. Para Fabiana Leite, diretora de desenvolvimento de negócios da RCI, essa sofisticação mostra como o modelo deixou de ser uma opção periférica e ganhou status de ferramenta central de fidelização. “É um momento para refletir sobre o presente e o futuro do timeshare. O consumidor quer valor agregado, personalização e flexibilidade, e o setor precisa responder a isso”, avaliou.

Fabiana Leite, diretora de Desenvolvimento de Negócios da RCI América do Sul). Foto: Divulgação Guia do Turismo Brasil

Na prática, o impacto sobre a hotelaria é imediato, enquanto a taxa média de ocupação dos resorts gira em torno de 62%, os empreendimentos que adotam o timeshare beiram os 80%, essa diferença garante fluxo constante de hóspedes e reduz a dependência de períodos de alta temporada. “O modelo funciona como colchão de ocupação, dá previsibilidade, reduz a ociosidade e melhora a eficiência da cadeia”, explicou Pedro Cypriano. Olhando para frente, a expectativa é de continuidade no ritmo acelerado. De acordo com os especialistas, 2025 deve manter o crescimento de dois dígitos, impulsionado pelo aumento da adesão de resorts, pela consolidação do turismo interno e pela maturação das operações já em curso. O mercado, no entanto, ainda está em fase inicial dos 350 resorts mapeados no país, apenas um quarto atua com timeshare. Seja pela promessa de férias garantidas, seja pela flexibilidade de trocar destinos por meio de programas de intercâmbio como o da RCI, o modelo se afasta cada vez mais da desconfiança que carregava no passado, ao contrário da multipropriedade, que fixa local e período, o timeshare oferece liberdade de escolha, e essa liberdade, ao que parece, conquistou definitivamente espaço no imaginário do viajante brasileiro.

Edição por Rose Cecilia
Data de publicação desta Matéria 23-09-2025
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