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O Museu de Arte Urbana de Belém (M.A.U.B) anuncia os 19 artistas selecionados por edital para a sua terceira edição, consolidando-se como uma verdadeira galeria de arte urbana a céu aberto na Amazônia. Este ano, o projeto se une ao histórico Museu Paraense Emílio Goeldi para revitalizar os muros do Parque Zoobotânico, patrimônio tombado e que nunca recebeu intervenção artística desde sua fundação há 130 anos, e a fachada dos prédios do Campus de Pesquisa. Ganharão novas cores e significados por meio de obras que retratam, de forma sensível, o acervo do museu, sua relevância para a cidade e a riqueza da fauna e flora amazônicas — um marco histórico para a arte urbana em Belém que se prepara para a COP30.
Com temática inspirada no Museu Paraense Emílio Goeldi, os murais deverão dialogar com suas coleções e pesquisas, patrimônio das áreas de ciências humanas, naturais e da terra. O projeto é uma realização da Sonique Produções e da Oito Quatro Produções, aprovado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura. Conta com o patrocínio da Vale, por meio da Lei Rouanet, e o apoio institucional do Governo Federal e do Ministério da Cultura.
As produções abordarão temas como fauna, flora, arqueologia, heranças afro-amazônicas, saberes indígenas e biodiversidade, reforçando a ligação entre arte, ciência e memória amazônica. Os artistas participantes da terceira edição são: Alessandro Hipz, And Santtos, Cely Feliz, Kekel, Graf, Wira Tini, Deco Treco, Wes Gama, Ayala, João Nove - Digital Orgânico, Éder Oliveira, Chico Ribeiro, Alex Senna, LENU, Dudi Rodrigues, Dedéh Farias, Amanda Nunes, Dannoelly Cardoso, e a dupla Gabz e Tsssrex.
De acordo com o previsto no edital de seleção, entre esses nomes há artistas locais e procedentes de várias regiões do Brasil, escolhidos por uma curadoria que privilegia produções ligadas à fauna e flora, mas também a representações não óbvias da biodiversidade amazônica. O processo curatorial foi conduzido por William Baglione, fundador do coletivo Famiglia e atuante no universo das artes há quase 30 anos, que integra o M.A.U.B desde sua primeira edição, em 2023.
Para a imersão, os artistas terão dois dias de convivência com o acervo e os profissionais do museu, de modo a poder-se conectar a riquezas como as coleções tapajônicas, as cerâmicas marajoaras e a maior coleção indígena do mundo, guardada pelo Campus de Pesquisa.
Toda essa diversidade servirá de inspiração para os 19 murais, dos quais 17 serão instalados no Parque Zoobotânico e 2 no Campus de Pesquisa. Inicialmente, as obras serão exibidas nas paredes externas do museu por no mínimo um ano. “Estamos muito empolgados em promover o diálogo entre a arte urbana e as paredes do museu, que são um marco de Belém. Respeitosamente, levaremos a própria história do museu e do seu acervo a partir de visões plurais de artistas visuais de várias regiões do Brasil mas, principalmente, valorizando o olhar de artistas paraenses sobre suas próprias histórias”, comenta Gibson Massoud, fundador da Sonique, realizadora do M.A.U.B.
A ideia é, com o Museu Paraense Emílio Goeldi, homenagear figuras locais — entre elas, o mateiro, personagem sem nome e rosto que se refere a um morador da área de mata, responsável por guiar pesquisadores.
"Com imenso prazer, o Museu Goeldi, a partir de um Acordo Técnico Científico, efetivou uma parceria com o M.A.U.B no sentido de dar um novo visual a um patrimônio público tombado pela União. Os muros serão pintados por um seleto grupo de artistas para que tenhamos, de maneira inédita entre os patrimônios no Estado, o que procuramos conceber na instituição, que é a promoção da ciência e a interrelação entre ciência, cultura e educação. Procuramos estabelecer, no edital, temas da sócio e da biodiversidade, com as quais trabalhamos desde que fomos concebidos, há quase 160 anos. Esperamos mostrar para a população que estamos preparados para manter a instituição no século XXI", diz Nilson Gabas Júnior, diretor do Museu Goeldi.
A produção das obras terá início no dia 16 de setembro, com lançamento oficial marcado para o dia 28. Entre os selecionados estão Alessandro Hipz, artista autodidata de Manaus, que retrata a Amazônia com forte influência do hip hop, das HQs e da figura da mulher amazônica, levando seus murais a várias capitais brasileiras. Na mesma sintonia de valorização cultural, And Santtos, paraense e criador do odivelismo, mistura realismo e surrealismo para celebrar a Amazônia em cores e narrativas poéticas.
Também da região, Cely Feliz é muralista e educadora amazônida que desenvolveu o caboclofuturismo, estética que une grafismos marajoaras, pajelança urbana e narrativas ribeirinhas em murais-rituais de resistência. Já Kekel, marajoara radicado em Belém, utiliza madeira reaproveitada de barcos para suas esculturas e objetos sustentáveis, conectando tradição local à inovação contemporânea.
Da cena urbana de Belém, Graf iniciou-se na pixação em 2002 e hoje enfatiza em sua obra a ancestralidade afro-indígena, além da fauna e flora amazônica. Fundadora do festival Graffiti Queens, Wira Tini, artista kokama de Manaus, alia saberes ancestrais à cultura urbana e é referência na arte urbana feminina nacional.
Explorando universos mais lúdicos, o artista paulista Deco Treco cria murais, pinturas e bordados de estética pop surrealista, com humor e nonsense, já exibidos no Brasil, Inglaterra e outros festivais internacionais. Wes Gama, goiano autodidata, cunhou o conceito de caipira futurista, em que pássaros e símbolos refletem ancestralidade, meio ambiente e identidade popular.
Entre as vozes femininas da Amazônia, Ayala iniciou no artesanato e hoje se dedica à string art, ilustração e muralismo, sempre inspirada pela estética amazônica. De São Paulo, João Nove (Digital Orgânico) desenvolve, desde 1997, obras que unem digital e orgânico, com murais no Brasil e em países como EUA, Alemanha e Suíça.
Éder Oliveira, paraense, investiga desde 2004 a identidade amazônica por meio do retrato, abordando imagem, violência e memória coletiva em obras críticas. Chico Ribeiro, jovem artista amapaense radicado no Pará, pesquisa pintura em contextos periféricos e já participou de curso de residência com o próprio Éder.
De estética marcante em preto e branco, Alex Senna, muralista paulista, transforma muros em narrativas poéticas sobre afetos cotidianos. Seu trabalho já percorreu 24 países e grandes festivais internacionais. Lenu, paraense, há mais de 15 anos explora o surrealismo amazônico com diversas linguagens. Para ela, a arte é ferramenta de identidade, educação e pertencimento.
A cena contemporânea de Belém também ganha força com Dudi Rodrigues, muralista e ilustradora autodidata, que traduz crenças e vivências pessoais e defende a arte como agente de transformação social. Igualmente de Belém, Dedéh Farias é artista visual multidisciplinar que atua no muralismo, na pintura, ilustração digital e arte urbana. Sua obra é marcada por cores vibrantes e referências da fauna, da flora e do imaginário amazônico, consolidando sua presença em importantes espaços culturais locais e em festivais nacionais de destaque, como o Concreto (Fortaleza) e o Street of Styles (Curitiba).
Do Ceará, Amanda Nunes mescla arte sacra, surrealismo e resistência em suas obras; tem trabalhos na Pinacoteca Estadual do seu estado. Dannoelly Cardoso, residente em Belém do Pará, traduz experiências amazônicas em retratos realistas que unem tradição e contemporaneidade, fortalecendo o protagonismo feminino na arte.
Por fim, Gabz e Tsssrex representam duas gerações do graffiti em Belém: Gabz, da crew VX3, iniciou seu trabalho em 2019 e vem consolidando sua presença na cena urbana. Tsssrex, atuante desde 2004, é referência nacional com obras potentes que equilibram crítica social e estética vibrante.
Sobre o M.A.U.B
O Museu de Arte Urbana de Belém (M.A.U.B) é uma grande exposição de Street Art desenvolvida por artistas visuais nacionais e internacionais todos os anos, desde 2021, na cidade de Belém, no Pará. As obras são aplicadas em muros e em fachadas de prédios, transformando qualquer percurso no maior museu a céu aberto do Norte do país, gratuito e acessível a todos. Com a ocupação do espaço público em busca da democratização da arte, a troca entre diferentes culturas e estímulo do pertencimento local valoriza a memória coletiva, criada a cada edição do M.A.U.B.
Sobre o Museu Paraense Emílio Goeldi
O Museu Paraense Emílio Goeldi é uma unidade de pesquisa do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e completa 160 anos em outubro de 2026. A mais antiga instituição científica da Amazônia reúne três bases físicas, sendo uma no arquipélago do Marajó, que é a Estação Científica Ferreira Penna, e duas em Belém, que são o Parque Zoobotânico (São Brás) e o Campus de Pesquisa (Terra Firme). Suas coleções científicas e seus estudos representam ricos patrimônios sobre o bioma mais biodiverso do planeta, sendo referência mundial nas áreas de Ciências Humanas, Naturais e da Terra.
Sobre a Vale
A Vale acredita que a cultura transforma vidas. Pelo quinto ano consecutivo é a maior apoiadora privada da Cultura no Brasil, patrocinando e fomentando projetos em parcerias que promovem conexões entre pessoas, iniciativas e territórios. Seu compromisso é contribuir com uma cultura cada vez mais acessível e plural, ao mesmo tempo em que atua para o fortalecimento da economia criativa.
Para fortalecer sua atuação na Cultura, em 2020 foi criado o Instituto Cultural Vale, que já esteve ao lado de mais de mil projetos em todo o país, com investimento de mais de R$ 1 bilhão em recursos próprios da Vale e via Lei Federal de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet. Dentre eles, uma rede de espaços culturais próprios, com visitação gratuita, identidade e vocação únicas:Memorial Minas Gerais Vale (MG),Museu Vale (ES),Centro Cultural Vale Maranhão (MA) eCasa da Cultura de Canaã dos Carajás (PA). Conheça mais sobre a Vale em vale.com
Serviço
Data: 28 de setembro de 2025
Local: Museu Paraense Emílio Goeldi - Av. Gov Magalhães Barata, 376 - São Braz, Belém - PA
Edição por Rose Cecilia
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