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“Esse tema é muito pertinente para mim, que sou um homem gay, com 58 anos, autista, sem família e que, por ser LGBT sempre trabalhei fora do CLT e agora tenho que correr atrás de recursos para minha aposentadoria. Eu mesmo me pergunto: o que o governo poderia me ajudar nisso?”, declara.
A fala de Werneck ecoa os sentimentos de uma geração que desbravou o caminho dos direitos LGBT+, mas que agora enfrenta o envelhecimento com pouca ou nenhuma rede de apoio.
Diego Oliveira, diretor cultural e captador de recursos e parcerias da APOLGBT-SP, reflete sobre o tema desta edição: “O tema busca conectar as pessoas que lutaram pelos direitos que temos hoje para a população LGBT+, mesmo via STF, celebrar suas vidas, mesmo as que já nos deixaram com a geração atual; mostrar nossa resistência, principalmente neste ano em que as pautas de DE&I foram atacadas, e que precisamos continuar construindo diálogos pela manutenção dos nossos direitos humanos; e o futuro, onde possamos somente celebrar e não mais reivindicar, o mundo ideal que nos motiva e inspira a continuar trabalhando por estes dias melhoras para todas as pessoas.” Muitos não constituíram família nos moldes tradicionais, foram expulsos de casa ainda jovens, enfrentam preconceito no mercado formal de trabalho, e hoje envelhecem em condições de vulnerabilidade — seja pela falta de segurança financeira, seja pela solidão, ou pela ausência de políticas públicas que contemplem suas especificidades. Segundo dados do IBGE e de organizações da sociedade civil, pessoas LGBT+ têm maior propensão ao isolamento na velhice, sofrem discriminação em instituições de acolhimento, e ainda lidam com o etarismo aliado à LGBTfobia. A Parada quer trazer esse debate para o centro da sociedade: qual vida é possível para quem viveu (ou ainda vive) à margem?
Mais do que uma festa, um manifesto
Como em todos os anos, a Parada será um momento de celebração, orgulho e diversidade, mas também um poderoso grito por inclusão, respeito e políticas efetivas enquanto movimento social, da APOLGBT-SP. O evento contará com trios elétricos temáticos, apresentações artísticas e ações de conscientização, além de mobilizações em torno de pautas como:
Envelhecer como uma pessoa trans, uma mulher lésbica negra, um homem gay periférico ou uma pessoa não binária tem significados e obstáculos diferentes — e todos merecem visibilidade, escuta e dignidade. A Parada LGBT+ de São Paulo 2025 convida toda a sociedade a refletir: Que futuro estamos construindo para quem envelhece fora dos padrões heteronormativos? Que políticas são urgentes agora? Que lugar queremos ocupar na velhice — e com quem?
Edição por Julia Marques
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