E se fosse possível desacelerar o tempo ou se fossemos capazes de criar uma máquina de intervir no tempo? Essas perguntas serviram de mote-provocador da peça teatral Velocidade, décima criação do grupo mineiro Quatroloscinco – Teatro do Comum, que estreia no Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo (CCBB SP) no dia 04 de setembro de 2025, às 18h30, depois de temporadas de sucesso em BH e Rio. A curta temporada terá apresentações de quinta a domingo – quintas e sextas às 19h e sábados e domingos às 17h – até 12 de outubro. Além do espetáculo, o projeto com patrocínio do Banco do Brasil, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, inclui bate-papo e oficina gratuitos.
Em um mundo cada vez mais hiperconectado, Velocidade surge como um manifesto contra a pressa, a urgência e a obsessão pelo futuro. Estruturada em forma de livro – com capa, prefácio, dedicatória, sete capítulos e verso da capa – a peça questiona o ritmo imposto pela vida contemporânea e propõe outra relação com o tempo e consequentemente o repensar sobre a efemeridade da vida.
Escrito por Assis Benevenuto e Marcos Coletta, e dirigido pelo cineasta Ricardo Alves Jr. e Ítalo Laureano, o espetáculo reúne em cena cinco atores Rejane Faria/Marina Viana, Michele Bernardino, Ítalo Laureano, Marcos Coletta e Assis Benevenuto, que convida o público a ser ativo construindo a obra com eles.
"A peça começa com um áudio de seis minutos que o espectador ouve no escuro. Esse é o nosso convite inicial para desacelerar, baixar a bola, deixar o tempo decantar, desafiar a ansiedade, habitar outro tempo da imagem”, adianta Coletta.
A inspiração surgiu do ensaio “Notas sobre os doentes de velocidade”, da autora mexicana Vivian Abenshushan, e se ampliou em diálogo com outras obras, como o livro Oráculo da Noite, de Sidarta Ribeiro, textos de Paul Preciado e o filme Poesia Sem Fim, de Jodorowsky. O resultado é uma dramaturgia concebida como uma peça-livro-sonho, que abandona a linearidade e se constrói por imagens, rastros de memória e lapsos entre o real e o imaginado.
Cada cena convida o público a suspender a lógica do imediato e experimentar outras durações, ruídos e silêncios. “Não nos prendemos a uma história linear ou à lógica dramática. É uma peça mais onírica, poética, onde brincamos de acelerar e dilatar o tempo”, explica o
ator.
A trilha sonora original de Barulhista e a elogiada iluminação de Marina Arthuzzi reforçam o caráter sensorial da encenação. Os diretores de arte, Luiz Dias e Carol Manso, trouxeram para o palco uma mesa central que funciona como página, onde os títulos dos quadros são escritos e apresentados ao público. O cenário, os objetos e os figurinos assumem diferentes funções, ganhando novos significados ou desaparecendo a cada sequência.
Para Assis Benevenuto, essa dinâmica está diretamente ligada ao conceito que estrutura o espetáculo: “Essa ideia de uma peça-livro-sonho
necessita que o espaço, os figurinos e os objetos de cena possam ser transformados. Não pode ser aquele cenário fixo, pesado, que imprime apenas uma ideia”.
Em um dos capítulos, intitulado Queda Livre, cinco bonecos de madeira com cerca de 50 cm de altura, confeccionados pelo artista Agnaldo Pinho, representam versões miniaturizadas dos próprios atores e entrevistam seus duplos em um talk-show absurdo. “É uma cena veloz, em que os bonecos são mais sagazes do que nós”, comenta Benevenuto. Segundo Laureano, o foco não é o teatro de bonecos em si, mas o efeito de ver os atores como avatares, espelhos e objetos ficcionalizados.
A direção de movimento é assinada por Kenia Dias e reafirma a ideia de coralidade e corpo coletivo, um traço importante do trabalho do grupo.
Bate-papo e oficina
Além da temporada no CCBB SP, o Quatroloscinco realiza atividades formativas que ampliam o diálogo com o público. No dia 20/09 haverá um bate-papo com os artistas logo após a apresentação.
Já nos dias 27 e 28/09, sábado e domingo, das 9h às 13h, (sábado e domingo), o grupo conduz a oficina A palavra em cena: habitar o texto, voltada a artistas profissionais ou em formação, estudantes de teatro e pessoas interessadas em experimentar a linguagem da cena. Com carga horária de oito horas e classificação indicativa de 16 anos, a oficina propõe investigações sobre o manejo da palavra falada e suas diferentes camadas de sentido, por meio de leituras, exercícios e criação de micro cenas. São oferecidas 20 vagas, e as inscrições gratuitas podem ser feitas até 22/09 mediante preenchimento do formulário disponível nos sites do CCBB e do Grupo Quatroloscinco:
Os resultados saem até o dia 25/09.
Sinopse:
Décimo espetáculo do Grupo mineiro Quatroloscinco, "Velocidade", convida o espectador a repensar a relação com o tempo na vida contemporânea. A peça se estrutura como capítulos de um livro. Dramaturgia e encenação constroem uma peça-livro-sonho que afirma o teatro como uma máquina de desacelerar o tempo. Situações diversas e sobrepostas abordam a percepção humana do tempo a partir de relações familiares e de trabalho, rotina de vida, memórias de infância, sonhos recuperados e a incerteza do futuro.
Sobre o CCBB SP
O Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo, iniciou suas atividades há mais de 20 anos e foi criado com o objetivo de formar novas plateias, democratizar o acesso e contribuir para a promoção, divulgação e incentivo da cultura. A instalação e manutenção do espaço, em pleno centro da capital paulista, reflete também a preocupação com a revitalização da área, que abriga um inestimável patrimônio histórico e arquitetônico, fundamental para a preservação da memória da cidade. O CCBB SP tem como premissa ampliar a conexão dos brasileiros com a cultura, em suas diferentes formas. Essa conexão se estabelece mais genuinamente quando há desejo de conhecer, compreender, pertencer, interagir e compartilhar. A consciência de que o apoio à cultura contribui para consolidar sua relevância para a sociedade e seu poder de transformação das pessoas. A crença que a arte dialoga com a sustentabilidade, uma vez que toca o indivíduo e impacta o coletivo, olha para o passado e faz pensar o futuro. Com uma programação regular e acessível a todos os públicos, que contempla as mais
diversas manifestações artísticas e um prédio, que por si só, já é uma viagem na história e arquitetura, o CCBB SP é uma referência cultural para os paulistanos e turistas da maior cidade do Brasil.
Grupo Quatroloscinco Teatro do Comum
Com 18 anos de trajetória, o Grupo Quatroloscinco mantém trabalho continuado de pesquisa e prática teatral, baseado na criação coletiva e autoral sob uma estética contemporânea. O grupo busca uma cena centrada no jogo entre os atores, na relação com o texto e no encontro com o espectador. Surgido como um coletivo de pesquisa de alunos de Teatro da UFMG, o Quatroloscinco se profissionalizou e se tornou um dos mais respeitados nomes do teatro mineiro, conquistando prêmios, circulando em dezenas de festivais e realizando ações em 95 cidades de 21 estados do país, além de Cuba, Uruguai e Argentina. Criou as peças “Velocidade”, “Luz e Neblina”, “Apossinarmológuissi”, “Tragédia”, “Fauna”, “Ignorância”, “Humor”, “Get Out!”, “Outro Lado” e “É só uma Formalidade”, que receberam 12 prêmios e 23 indicações. Também publicou seis livros com a dramaturgia de seus espetáculos.
Assis Benevenuto – autor e atuação
Nascido em 1982, em Belo Horizonte, MG. Doutor e mestre em Estudos Literários pela Faculdade de Letras da UFMG. Graduado em Letras pela UFMG. Ator formado pelo Centro de Formação Artística do Palácio das Artes. Realizou estudos em Dramaturgia na Universidad Nacional de Las Artes (Buenos Aires, 2017). Trabalha como ator, diretor, dramaturgo, improvisador, poeta e pesquisador. Cocriador e coordenador editorial da Editora Javali, especializada em livros de teatro e cinema. Integrante do Grupo Quatroloscinco desde 2009.
Integrou o Grupo Espanca! como ator e dramaturgo convidado (2009-2018). Escreveu e dirigiu espetáculos para diversos coletivos teatrais de Belo Horizonte. Coordenou o Ateliê de Dramaturgia/BH e o Núcleo de Pesquisa em Dramaturgia do Galpão Cine Horto (2013-2015). Traduziu as peças “Litoral”, de Wajdi Mouawad; “Escola”, de Guillermo Calderón; “Ñuke”, de David Arancibia; “Adiós Rohejata”, de Natalia Santos, e “Máta-me, por favor”, de Eduardo Calla. Foi um dos curadores do Festival Internacional de Teatro de Belo Horizonte/FIT-BH, em 2024.
Ítalo Laureano – direção e atuação
Nascido em 1983, em Bom Despacho, MG. Ator formado pelo Curso Técnico de Formação de Atores do Teatro Universitário da UFMG e graduado em Licenciatura em Teatro pela UFMG. Desenvolve trabalhos como ator, diretor e produtor cultural. Cofundador do Grupo Quatroloscinco. Foi ator convidado da Cia. Drástica de Artes Cênicas. Trabalhou como produtor cultural na Agentz Produções e em importantes festivais, como Festival Mundial de Circo, FIMPRO - Festival Internacional de Improvisação, Festival de Performance de BH e FIT- BH -Festival Internacional de Teatro de Belo Horizonte. Lecionou no Curso de Produção Cultural do Senac Minas em 2017. No audiovisual, atuou em séries, telenovelas, curtas e médias-metragens, tais como "Bom Sucesso" (Rede Globo, 2019); "Espelho da Vida"
(Rede Globo, 2018); "No Coração do Mundo" (Filmes de Plástico, 2019); "Santino e o Bilhete Premiado" (Globo Filmes, 2016) e "Azul Celeste" (Dromedário Filmes, 2022).
Marcos Coletta - autor e atuação
Nascido em 1987, em Belo Horizonte, MG. Doutor em Artes da Cena e Mestre em Artes, ambos pela EBA/UFMG. Graduado em Licenciatura em Teatro pela UFMG e formado pelo Curso Técnico de Formação de Atores do Teatro Universitário da UFMG. Desenvolve trabalhos como ator, diretor, dramaturgo e pesquisador. Cofundador do Grupo Quatroloscinco. Integrou o Mayombe Grupo de Teatro, a Uma Companhia de
Improvisação e foi ator convidado da Cia. Drástica de Artes Cênicas. É autor de textos teatrais para outros grupos e coletivos mineiros, como Os Conectores, Plataforma Beijo, Grupo Trama, Cefart/Palácio das Artes, Conexão Galpão e Cia. Luna Lunera. Possui 7 textos teatrais e um livro de poesia publicados. Realizou workshops e orientações de dramaturgia para espetáculos de formatura do Cefart e do Teatro
Universitário da UFMG. Integra a equipe do Centro Cultural Galpão Cine Horto, onde coordena o Centro de Pesquisa e Memória do Teatro.
É membro do conselho editorial da Editora Javali. Foi coordenador pedagógico do Festival Internacional de Teatro de Belo Horizonte/FIT-BH, em 2024.
Ricardo Alves Jr - direção
Nascido em Belo Horizonte, Brasil, em 1982, Ricardo Alves Jr. é cineasta, produtor e diretor de teatro. É diretor dos filmes “Elon Não Acredita na Morte”, “Vaga Carne”, “Tudo o que Você Podia Ser”, dentre outros. Seus filmes foram exibidos em prestigiados festivais internacionais, como Festival de Cannes, Berlinale, Rotterdam, Locarno, FIDMarseille, IndieLisboa, Festival do Rio e Festival de Brasília. No teatro, dirigiu espetáculos como Eclipse Solar, Cine Splendid e Azul (coprodução Brasil/Paraguai), Tragédia e Luz e Neblina, com o grupo Quatroloscinco. Também foi responsável pelo espetáculo Marku Musical, apresentado nos CCBBs BH, RJ e SP.
Ficha Técnica
Atuação: Assis Benevenuto, Ítalo Laureano, Marcos Coletta, Michele Bernardino e Rejane
Faria
Direção: Ítalo Laureano e Ricardo Alves Jr.
Dramaturgia: Assis Benevenuto e Marcos Coletta
Atriz stand in: Marina Viana
Direção de arte: Luiz Dias
Figurino: Caroline Manso
Assistência de cenografia: Bárbara de Freitas
Criação de luz: Marina Arthuzzi
Consultoria de iluminação: Rodrigo Marçal
Trilha sonora: Barulhista
Composição das músicas ao vivo: Marcos Coletta e Michele Bernardino
Operação de som: Adriel Parreira
Orientação de movimento: Kenia Dias
Orientação vocal: Ana Hadad
Assistência de Produção: Yasmine Rodrigues
Estágio de Produção: Joana Luz
Produção local SP: Joana Pergorari
Design gráfico: Bianca Perdigão
Bonecos: Agnaldo Pinho, Eduardo Félix e Marina Arthuzzi
Cenotécnica: Helvécio Izabel
Observação de processo: Fernando Dornas
Preparação e tradução da cena em Libras: Dinalva Andrade
Assessoria de imprensa SP: Adriana Monteiro – Ofício das Letras
Assessoria de Redes Sociais: Letícia Leiva e Renata Rocha – Rizoma Comunicação & Arte
Edição de teasers: Leonardo Alcântara – Projeto Ande
Gestão de projeto: Trama Gestão e Produção
Produção: Grupo Quatroloscinco Teatro do Comum
Serviço
Centro Cultural Banco do Brasil
Próximo à estação São Bento do Metrô
Informações: +55 11 4297-0600
Estreia: Dia 04/09, às 18h30
Temporada: 04 de setembro a 12 de outubro de 2025
Quando: de quinta a domingo, sendo quinta e sexta, às19h. Sábado e domingo,
às 17h
Duração: 100 minutos
Classificação: 14 anos
Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (Meia) - disponíveis na bilheteria física ou no site do
Estudantes, maiores de 65 anos e Clientes Ourocard pagam meia entrada
Informações sobre programação, acessibilidade, estacionamento e outros
Sessões acessíveis:
LIBRAS:
Dias 13/09; 20/09 e 27/09
AUDIODESCRIÇÃO:
Dia 11/10
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Data de publicação desta Matéria 31-08-2025