A trajetória de Luciano Motta, atual CEO dos Hotéis Mabu e do Blue Park, é marcada por superação, visão estratégica e, principalmente, conexão genuína com as pessoas. Aos 19 anos, ele ingressou no mercado da hotelaria como mensageiro do Mabu Curitiba Business. Hoje, lidera um dos maiores grupos hoteleiros do Sul do Brasil, com resultados financeiros expressivos e uma cultura organizacional pautada na escuta ativa, empatia e presença. Mais do que uma narrativa de ascensão profissional, a história de Motta revela como relações humanas bem construídas podem ser uma vantagem competitiva poderosa. "Tudo na minha vida aconteceu por causa do relacionamento, do cuidado, da escuta e do olhar atento ao outro", resume o executivo, que costuma circular pelas unidades do grupo conversando com colaboradores de todos os níveis hierárquicos, da manutenção à recepção, da cozinha à diretoria.

A origem de uma filosofia de liderança

Luciano começou a trabalhar aos 13 anos, e aos 19 anos já era pai, proprietário de um carro, de uma casa e responsável pelo sustento da família. “Enquanto meus amigos ainda dependiam dos pais, eu já bancava meus sonhos e os de quem caminhava ao meu lado”, relembra. A experiência precoce forjou um estilo de liderança raro no mundo corporativo: o de quem não apenas domina o processo de linha de frente, mas já esteve nele.

Aos 20, após uma saída repentina do Grupo Mabu — à época, seu primeiro grande emprego na hotelaria — viu-se desempregado, com uma filha pequena e mais um bebê a caminho. “Éramos três crianças em casa, com problemas de adultos. Aquilo me marcou para sempre”, relata. Ao invés de recuar, Motta transformou a adversidade em combustível para uma longa e bem-sucedida jornada em vendas e gestão.

Seu retorno ao Grupo Mabu, em 2017, como diretor de vendas, marcou o início de uma nova fase na história da companhia, e os resultados começaram a aparecer rapidamente. O Mabu Thermas, em Foz do Iguaçu, viu seu faturamento saltar de R$ 46 milhões para R$ 130 milhões, mesmo com redução operacional. Em Curitiba, os números foram ainda mais expressivos: de R$ 6 milhões para R$ 18 milhões.

Desde 2022, já na posição de CEO, Luciano Motta manteve o foco em performance financeira sem renunciar à cultura organizacional. “Você precisa querer defender a empresa, precisa querer tê-la no peito todos os dias”, afirma. Segundo ele, a chamada visão 360º da hotelaria é o que garante a excelência: conhecer profundamente todos os departamentos e adaptar-se às mudanças constantes do mercado.

Ao longo de sua carreira, o executivo acumulou histórias que reforçam sua filosofia. Um episódio com o então diretor de uma das indústrias, por exemplo, começou com um desentendimento na recepção do hotel e terminou, anos depois, com uma sólida parceria de negócios. Em outro caso, evitou o cancelamento de uma reserva feita por um presidente de uma montadora internacional ao oferecer algo que nenhum sistema previa. “Cada encontro tem um propósito. Basta estar disponível para ele”, diz.

Esse capital humano, segundo Motta, é o que diferencia empresas duradouras de negócios oportunistas. “Pessoas felizes cuidam melhor de outras pessoas”, reforça. Para ele, a missão do gestor é cuidar de quem cuida — e isso não se aprende apenas em cursos de liderança, mas sim no cotidiano das relações reais.

O sucesso como construção contínua

A história de Luciano Motta é, em última instância, uma ode à resiliência e à construção paciente de uma carreira baseada em valores. Longe dos holofotes fáceis ou das conquistas meteóricas, o que se vê é um percurso moldado pelo esforço diário, pela empatia e pela capacidade de transformar pequenos encontros em grandes oportunidades.

"Se eu cheguei até aqui, é porque alguém acreditou em mim quando eu estava no chão. Hoje, minha missão é estender essa mão para outros. Porque o sucesso não é o destino. O sucesso é a jornada. E ela começa com empatia", conclui.

À frente do Grupo Mabu, Motta continua mostrando que, no fim das contas, são as pessoas, aliadas a processos bem definidos, que sustentam o verdadeiro crescimento empresarial.

Edição por Julia Marques