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O que ainda é possível fazer diante de um capitalismo contraditório e cada vez mais imune à críticas? Esta é uma das questões evocadas pela comédia apocalíptica e mordaz Breve apologia do caos pelo excesso de testosterona nas ruas de Manhattan, do autor uruguaio Santiago Sanguinetti. O texto, ainda inédito no Brasil, ganha uma montagem pela Laia do Teatro com temporada de estreia de 4 de outubro a 2 de novembro, no Pequeno Ato, com sessões aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 18h.
A peça tem direção de Thiago Andreuccetti e tradução de Aline Pimentel, que está no elenco ao lado de Laerte Mello, André Barreiros e Victor Barreto.
Com humor ácido, linguagem caótica e referências que cruzam cultura pop e teoria política, o espetáculo faz uma forte crítica ao capitalismo ao mesmo tempo que, através da sátira, expõe as contradições e armadilhas que permeiam as diversas linhas de pensamento da esquerda.
A trama gira em torno de quatro personagens sul-americanos confinados em um apartamento em Nova York, nos Estados Unidos, que elaboram um plano revolucionário tão delirante quanto simbólico. Eles pretendem contaminar latas de Coca-Cola com um vírus roubado de uma pesquisa com gorilas que sobrecarrega a produção global de testosterona como forma de implodir o sistema capitalista.
A montagem da Laia do Teatro propõe uma encenação provocadora, anárquica e satírica — uma comédia de linguagem afiada que reflete, com sarcasmo e inteligência, as tensões políticas e afetivas do nosso tempo.
Em um cenário global marcado pela ascensão de discursos autoritários e pela banalização ideológica promovida por redes sociais, a peça ironiza a incapacidade prática da esquerda contemporânea diante de um capitalismo cada vez mais imune à crítica — e o faz sem propor respostas fáceis. Através do exagero e da desordem dramatúrgica, o texto desmistifica tanto o dogmatismo militante quanto o cinismo do pensamento liberal.
“Montar essa obra hoje é ativar o riso como ferramenta de pensamento crítico. É também uma forma de resistência ao apagamento histórico e ao esvaziamento simbólico da ação política, tensionando as fronteiras entre arte, delírio, revolução e falência ideológica. É um espetáculo que diverte — mas também incomoda — e que instiga o público a pensar: o que ainda é possível transformar? E, ainda mais importante: como fazê-lo?”, reflete o grupo Laia do Teatro.
Sobre o autor
Dramaturgo e teórico uruguaio, Santiago Sanguinetti é um dos nomes mais instigantes do teatro político latino-americano contemporâneo. Sua obra mistura paródia, nonsense e crítica ideológica, promovendo embates entre cultura pop e pensamento revolucionário.
Na trilogia "Trilogia da Revolução", que inclui Breve apologia do caos..., cria personagens que, em meio ao fracasso político, elaboram planos absurdos em um mundo em colapso. Outros textos de destaque escritos por ele são Bakunin Sauna,Tambo Prehistórico Theme Park e El gato de Schrödinger. Sanguinetti faz parte de uma geração que repensa o teatro político com ironia, velocidade e lucidez crítica.
Sobre Laia do Teatro
A Laia do Teatro, coletivo formado por Aline Pimentel, André Barreiros e Victor Barreto, iniciou sua trajetória em 2020, com o experimento cênico intitulado "Só os pássaros são livres", inspirado na obra de Eduardo Galeano. Este trabalho convidava a uma reflexão sobre o alcance das interações humanas nas redes sociais e foi selecionado para integrar o Festival de Teatro de Bernardino de Campos, no interior de SP.
O segundo projeto do grupo foi a montagem da peça "A morte e a donzela", de Ariel Dorfman, dirigida por Laerte Mello. Entre 2020 e 2022, os artistas investigaram o período ditatorial de Pinochet no Chile e as suas consequências a longo prazo para a memória e a construção da identidade desse país.
Em seu terceiro trabalho, a Laia voltou seu olhar para um grande escritor brasileiro: Machado de Assis. Durante os anos de 2023 e 2024, o grupo construiu uma adaptação voltada ao público infantojuvenil da obra "O alienista", sob a direção de Rodrigo Audi, e trouxe à cena, de maneira lúdica, a discussão sobre a loucura e o poder. A peça esteve em cartaz no Sesc 14 Bis em maio de 2024 e movimentou públicos de todas as idades.
Sobre o diretor
Thiago Andreuccetti é um artista brasileiro que atua em teatros, ruas e circos, combinando técnicas de teatro físico como commedia dell’arte, mímica, ginástica natural e mastro chinês. Formado pela Fundação das Artes de São Caetano do Sul (2006), iniciou sua carreira como palhaço em hospitais e espetáculos educativos. Estudou com mestres como Esio Magalhães, Tiche Viana e André Casaca. Participou de mais de 20 produções dirigidas por nomes como Hugo Possolo e Ricardo Karman.
Em 2017, foi selecionado na audição brasileira do Cirque du Soleil e, no ano seguinte, integrou o elenco do espetáculo Amaluna, para o qual criou o personagem Tito. Com a companhia, realizou turnês internacionais por países como Canadá, Estados Unidos, Chile, Colômbia e Peru, apresentando-se para mais de um milhão de pessoas até o encerramento do show em 2020. Em 2022, estreou o solo autoral Ítaca, ainda em cartaz. E, atualmente, desenvolve a pesquisa de seu novo espetáculo de palhaço.
Ficha Técnica
Texto: Santiago Sanguinetti
Tradução: Aline Pimentel
Direção: Thiago Andreuccetti
Assistente de direção: Fernanda Comenda
Elenco: Laerte Mello, Aline Pimentel, André Barreiros e Victor Barreto
Cenário: Laia do Teatro
Figurino: Laia do Teatro
Iluminação: Nalin Junior
Trilha: Laia do Teatro
Fotos: Artur Kraimmer
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Designer/projeto gráfico: Laia do Teatro
Apoio: Escola Palco Teatro
Serviço
Breve apologia do caos pelo excesso de testosterona nas ruas de Manhattan, de Santiago Sanguinetti, com Laia do Teatro
Temporada: 4 de outubro a 2 de novembro de 2025
Aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 18h
No dia 5 de outubro não haverá sessão
Pequeno Ato – Rua Dr. Teodoro Baima, 78 - Vila Buarque, São Paulo
Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$30 (meia-entrada)
Vendas online em https://linktr.ee/laiadoteatro
Classificação: 16 anos
Duração: 90 minutos
Capacidade: 40 lugares
Edição por Rose Cecilia
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