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ENTRE FIOS, LINHAS E MEMÓRIAS: A HISTÓRIA DE UMA DAS MAIORES INDÚSTRIAS TÊXTEIS DO PAÍS, A ALTENBURG
Uma empresa de tradição familiar, que vem investindo em novos processos para ampliar mercado. Atualmente conta com quatro plantas no Brasil e uma no Paraguai, mais de dez mil pontos de venda, e-commerce e 13 lojas próprias, além de ser a maior produtora de travesseiros do Brasil e América Latina. Com foco no design, conforto e qualidade, a Altenburg leva todos os meses mais de 1,6 milhões de produtos à lares em todas as regiões do país. Genuinamente brasileira, mas fundada por descendentes de imigrantes europeus, a Altenburg vem construindo sua história no mundo, ao exportar para mais de 30 países nas últimas três décadas.  


Rui e seus filhos sempre tiveram um porto forte dentro de casa. Irene Reuter Altenburg, casada com Rui desde 1980, acompanhou e orientou cada passo dos filhos e do marido. E hoje, mais do que nunca vibra com cada conquista da família
Uma história de empreendedorismo, que nasceu da necessidade para o sustento de uma família. Em 1922, Johanna Altenburg, viúva, iniciava em sua residência, na cidade de Blumenau, em Santa Catarina, a produção artesanal de acolchoados. Das mãos de uma mãe batalhadora nasceram os primeiros acolchoados e travesseiros confeccionados com algodão, lã de carneiro e penas de ganso. Atendendo a pequenas encomendas, o zelo de Johanna conquistou a comunidade do entorno. A qualidade dos acolchoados persistiu no pós-guerra, quando a pequena fábrica fundada em Blumenau ganhou um novo impulso. Em 1946 seu filho Arno assumiu o empreendimento, ao lado de sua esposa Anna. Com o objetivo de impulsionar o crescimento da empresa, que ganhava espaço no sul e sudeste do país, o jovem casal realizou as primeiras ampliações do parque fabril, adquiriu maquinário especializado e, em 1969 inaugurou a primeira loja, anexa ao parque fabril existente na época.
Em 1970, Rui Altenburg, o filho mais jovem de Arno e Anna assumiu a missão de perpetuar o legado de sua família. O empresário, hoje com seus cabelos brancos, e com uma experiência ímpar conquistada ao longo de meio século de trabalho, reconhece o grande desafio que viveu ao assumir a gestão da empresa e ter impacto direto na vida de centenas de pessoas.
A inovação e a busca por novos produtos sempre foram predominantes em sua gestão. Rui relembra que a Altenburg foi a primeira empresa a trazer ao Brasil roupas de cama 100% algodão, diminuindo em 90% de amassados e que dispensam a utilização do ferro. Foi pioneira ao trazer para o segmento de cama e banho a marca Tencel, cujo tecido é extraído da madeira Eucalipto. Além de ser pioneira no Brasil ao produzir roupas de cama com atributos sustentáveis.
A persistência e o desprendimento para ousar sempre foram os combustíveis que moveram as ações do presidente da empresa. “Um conselho para quem está começando: é preciso ser criativo, insistente e persistente. Estagnação e medo de dar novos passos não nos fazem sair do lugar, da nossa zona de conforto”, comenta Rui Altenburg. E foi assim que o neto de Johanna enfrentou diversas crises e planos econômicos desde que assumiu a administração do negócio. Contrariando todos os movimentos do mercado, a Altenburg modernizou a linha de produção e diversificou o portfólio de produtos. Esse investimento assertivo teve como primeiro grande marco a aquisição de duas novas Unidades, instaladas às margens da BR 470, na cidade de Blumenau. A Unidade I foi adquirida em 1986 e a Unidade II, que concentra em seu espaço o primeiro Outlet da marca, entrou em operação no ano de 2002. 
Ao olhar para o passado, Rui Altenburg reconhece o esforço e propósito traçado pelos pais na continuidade do negócio. “Era o sustento deles e da família. Meu pai cuidava da parte comercial e técnica de equipamentos e a minha mãe cuidava da área de criação e produção. Ela gerenciava a empresa e abria a fábrica às 5h da manhã. A minha mãe Anna, foi realmente uma guerreira, uma pessoa determinada, muito correta e, também, exigente. Isso eu acabei herdando como um legado dela”, comenta.
Quando Arno e Anna confiaram a administração da Altenburg à terceira geração da família, Rui somava pouco mais de vinte anos de idade. Apesar de jovem, conhecia o negócio como ninguém, pois cresceu dentro da fábrica. “Inicialmente meu pai só fabricava acolchoados, que são os edredons de hoje. A produção era muito sazonal, com maior ênfase no inverno. Lógico que também fabricávamos travesseiros, mas não para comercializar em grande escala. Para conseguir nivelar o faturamento foi preciso investir, inovar, trazer ao mercado colchas e artigos leves que também pudessem ser usados em outras estações do ano. A partir disso, passamos a ter uma fabricação mais intensa de travesseiros. Primeiramente de travesseiros de algodão, depois entramos com o travesseiro de fibras sintéticas e com isso já conseguimos maior equilíbrio. Depois nós iniciamos com as roupas de cama e agora nos últimos anos com a parte de felpudos também”, destaca.
Três pressupostos fundamentam a história dessa empresa centenária: é preciso gerar resultados, ter qualidade e sempre inovar. “A qualidade sempre foi inquestionável e estamos sempre em busca do melhor. Temos uma premissa que já era do meu pai. Eu a continuei e estou passando para os meus filhos: você pode até fazer negócio para ganhar pouco, mas jamais fazer um negócio que dará prejuízos, porque isso você não recupera mais”, pontua o empresário.
Semelhante a Rui, seus filhos que representam a quarta geração da família cresceram acompanhando os grandes marcos da fábrica. A criação da DTG Participações no ano de 2004 anunciava o início da trajetória profissional constituída por Danielle, Tiago e Gabriel. Tiago assumiu a Área de Projetos em 2007, após conclusão de formação em Engenharia Têxtil Industrial. Em 2009 foi a vez de Danielle, recém-chegada da Itália onde estudou gestão de marcas e moda. A filha primogênita de Rui dirigiu o projeto de criação da primeira Altenburg Store no estado de São Paulo. Seguindo o caminho traçado pelos irmãos, Gabriel ingressou em um projeto de treinee no ano de 2010, tendo a oportunidade de conhecer de perto e atuar em todos os setores da empresa.
Nestes últimos 15 anos, em que pai e filhos gerem o negócio criado por Johanna, a Altenburg deixou de ser somente uma indústria para atuar também no varejo. Atualmente, a Companhia possui 13 lojas próprias e está presente em mais de dez mil pontos de venda.  Para Danielle, essa mudança “foi um desafio bastante grande, porque a empresa era muito industrial e investir no varejo não estava no seu DNA”.
 A maior produtora de travesseiros do Brasil e da América Latina conta ainda com quatro plantas no Brasil e uma no Paraguai. Com foco no design, conforto e qualidade, leva ao mercado todos os meses mais de 1,6 milhões de produtos, gerando mais dois mil postos formais de trabalho. “Eu nunca imaginei que chegaríamos a esta magnitude. Sempre dizia que não gostaria de ultrapassar o número de 500 funcionários e esse número foi facilmente ultrapassado. Hoje nós empregamos mais de 2 mil pessoas e quem sabe até onde vamos? O céu é o limite”.

Rui Altenburg traçou alguns caminhos para garantir a continuidade da marca
Em meados de 2010 iniciou o processo de governança corporativa. O empresário relembra que um “choque de realidade” o fez pensar no futuro da empresa. “Perdi dois amigos em acidentes fatais e a partir disso comecei a pensar o que seria da companhia se algo acontecesse comigo. Meus filhos eram jovens e ainda não estavam preparados para a função. Fomos ao mercado, iniciamos um processo de transição. Contudo, por uma necessidade de alinhamento de cultura, declinamos desse projeto que apresentaria pela primeira vez em cem anos, um presidente que não é membro da nossa família. Em 2020, em uma decisão assertiva, adiamos os planos de sucessão. Explica o empresário Rui Altenburg.
A vida organizacional é sempre muito rica, dinâmica e cheia de novidades. O desafio é grande, ainda mais numa empresa familiar quase centenária. “Tive a grata satisfação de poder preparar um dos meus filhos para dar sequência ao processo de crescimento e desenvolvimento na empresa.” O neto de Johanna anunciou que já tem o nome do seu sucessor e que já vem o preparando há 15 anos.
Tiago Altenburg será o novo presidente da companhia e deve assumir após o Start das comemorações do centenário, em fevereiro de 2022. Com a mudança, Rui passará a presidir o Conselho Consultivo. “A sucessão não é um evento, mas um processo, e tivemos tempo de construir uma relação diferente. Estamos maduros para manter a gestão sob controle familiar, focando não apenas no centenário que se aproxima, mas também na expansão de nossas lojas, das fábricas e em novos modelos de atuação frente ao mercado. Será um processo que trará ainda mais orgulho para o cenário empresarial de Santa Catarina”, justifica Tiago.
Gabriel Altenburg estará ao lado de Tiago, atuando diretamente na área de sustentabilidade. De acordo com suas palavras: “Um dos impactos positivos que está em nossas mãos agora, no início dessa jornada do “Programa Bem Mais Sustentável” é ativar a consciência nas pessoas que estão fazendo todos os dias uma tarefa muito parecida com a que fizeram ontem. Elas poderão construir conosco projetos sustentáveis que nos garantam perenidade. Não é só a tecnologia, não é só a preservação do meio ambiente, não é só a logística reversa. É mais do que nunca, um chamado para integrar essas frentes de uma forma coesa ao nosso propósito que é o bem-estar”.
Rui e seus filhos sempre tiveram um porto forte dentro de casa. Irene Reuter Altenburg, casada com Rui desde 1980, acompanhou e orientou cada passo dos filhos e do marido. E hoje, mais do que nunca vibra com cada conquista da família. “Eu estou muito realizada com todo esse momento de reviver a história da Altenburg. Isso é emocionante e eu sou muito grata de poder estar vivendo e celebrando o nosso Centenário. Agradeço à Deus, ao Rui e aos meus filhos por poder fazer parte dessa família linda. Eu dei o meu melhor. Eu me sinto bem em poder ter me dedicado tanto no cuidado dos nossos filhos”.  

Projetos futuros e sonhos não realizados
Nos 52 anos como presidente desta empresa têxtil que figura entre as maiores do país e da América Latina, o empresário precisou engavetar alguns projetos e sonhos. Contudo, alguns permanecem vivos e factíveis de realização. “Nós ensaiamos a produção de tecidos. Era mais um desejo, não um objetivo. Mas desde sempre a Altenburg se caracteriza como manufatura e não como uma indústria verticalizada. Isso não faz mais sentido hoje. Cada um atua onde é especialista e consegue o melhor resultado. Contudo, às vezes existem motivos que justificam uma empresa se verticalizar um pouco mais. Nós podemos pensar em produzir malhas. Existe também a possibilidade de tecer felpudos. Hoje terceirizamos essas etapas da produção, mas em função de algumas limitações, de alguns desenvolvimentos especiais é bastante interessante uma produção própria de malha. A malha nesse caso está diretamente relacionada à roupa de cama ou do ambiente íntimo, da suíte. É o que se chama de sleepwear ou homewear. Isso pode conjugar, são formas de ampliar a capacidade de atender o mercado”, explica.
Mas, o projeto que ainda faz os olhos brilharem é o de produção da própria fibra de poliéster, a chamada lã de PET. “Esse é um sonho, um desejo e não deixa de ser correlato aos nossos produtos. Hoje nós utilizamos praticamente mil toneladas de fibra ao mês porque em todos os nossos produtos o poliéster entra como matéria-prima. Assim seria possível evitar a dependência de terceiros, ter garantia de maior qualidade e diversificação. A produção de fibra é um sonho e espero que meus continuadores implantem esse projeto, até como forma de legado da minha história”.
Rui reforça as escolhas que direcionaram a construção do seu legado. “Fui um empresário, um gestor, uma pessoa exigente. Aprendi isso com a minha mãe e com o meu pai. E talvez se não fosse tão exigente e batalhador com certeza não teria construído o que foi construído. Quero deixar aos meus filhos esse senso crítico de observação. É o princípio da melhoria contínua e nós temos na nossa bandeira a busca da excelência”, finaliza.

https://www.altenburg.com.br/

Edição Rose Cecilia
Data de publicação desta Matéria 24-09-2022
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